sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Acontece mesmo

                            

            Fora de moda, de tempo, de tudo.  Aliás, se está fora de moda, não é preciso dizer mais nada. 
            Para variar, calor.  Também para variar, sujeira, baderna, bandidos, uns de gravata, outros de tênis ‘de marca’ e bermudas.
            Entrou num botequim sujo.  Tomou duas talagadas grandes, antes de consumir o resto do copo.  Como andava de tênis, o copo era de aguardente mesmo.  Álcool é bom, mesmo para quem está viciado em maconha.
            ── Tudo em cima, Zezinho?
            ── Tudo.  Geraldo já deu as caras?
            ── Eu não vi.
            ── Tá me devendo.  Entreguei oitocentas gramas.
            ── Dizem que é de confiança.
            ── Se não for, é chumbo nele.
            Pediu uma cerveja.  Imagine, um homem de péssimos antecedentes, maconhado, bebendo cachaça e cerveja.  Estava armado.  A tal ‘Glock’, pistola da moda, cara no país, barata na Europa.  A televisão do bar estava ligada.  Surgiu uma imagem de mulher, que ele reconheceu na hora.  Fora assassinada, havia traído o chefão do lugar.  Com um policial, imaginem só, com um policial!  Só a morte mesmo, com tortura anterior.  Foi exatamente isto que aconteceu.
            Sinal dos tempos.  Sim, dos tempos e acontece em qualquer lugar do mundo.  Este?
            Foi no Brasil mesmo.  Onde tem cachaça no mundo?  Calor, vagabundos e impunidade?  Aqui.  Infelizmente, aqui, especialmente onde o caso ocorreu, no Rio de Janeiro, para a minha vergonha de carioca.  Brasileiro?  Claro, mas este assunto merece CPI.  Não sabe o que é isso?  Comissão Parlamentar de Inquérito.  Bandido julga bandido, nestes casos mais rasteiros. 
            Pena!  Grande pena.  Mas acontece!