sábado, 29 de setembro de 2012

Vamos mal


                                            

            Vejo em reportagem no site UOL de hoje, 29 de setembro de 2012, a notícia de que o julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal não abala o eleitor paulista.
            Os paulistanos não mudam – oitenta e um por cento - seus votos por causa do julgamento. 
            Verdade que o candidato petista, naturalmente o mais prejudicado em razão das consequências dos trabalhos que estão sendo desenvolvidos pelos ministros do STF seria Haddad, e sua perda é grande, mas acompanhada também por Serra.  Ou seja, não faz sentido, já que nem o tucano, nem Haddad foram mencionados na Corte.  Seria, no caso, uma grande perda de prestígio do PT em virtude das provas que vão se acumulando contra o partido, mostrando a sua desonestidade.  É uma associação perigosa, capaz de matar, inclusive.  Prova a morte de Celso Daniel, assassinado a mando da direção petista.  Não só lavagem de dinheiro e corrupção, ativa e passiva, praticam seus filiados.  O braço armado existe, tem mando e organização.  Parece remontar o tempo em que o PT sonhava em governar o Brasil ditatorialmente, após subir ao poder pelo voto, como fez Hugo Chávez na Venezuela.
            A educação política do brasileiro não existe, nunca existiu e dificilmente existirá em menos de cinquenta anos.  Cálculo aleatório, pois pode piorar a qualidade de conhecimento que temos hoje.  Corremos o risco.  É evidente que a deficiência não é política, mas básica, fundamental.  Vem dos bancos da escola primária.  Maus governantes adotam este sistema reiteradamente, como está sendo feito no nosso país, a cada dia composto por mais incapazes intelectualmente.  Como se diz sempre, povo ignorante é povo submisso, mais lacaio ainda quando é desarmado, o sonho dos prepotentes governantes.
            Problema das baixas latitudes, como querem alguns?  Talvez, mas não com certeza.  A Austrália, com posição geográfica semelhante à nossa, tem um bom desenvolvimento social e econômico.  Verdade que nosso clima não ajuda o trabalho com requintes e apuros.  Quem passa qualquer dia da semana em frente às praias brasileiras, excetuando alguns dias de inverno, pensa que estamos numa grande colônia de férias.
            O julgamento do Supremo está sendo acompanhado por dezenove por cento dos paulistanos.  O número nacional não deve ser muito diferente.  Enquanto isto, Lula a cada dia despeja mais violência verbal e agressões contra todos, a ponto do senador Aécio Neves ter afirmado que ele mais se parece com um “líder de facção”, ao invés de ex-presidente. 
            Tendo em vista o afirmado, gostaria de avisar, a quem interessar possa, que qualquer ato praticado contra a minha pessoa ou de qualquer dos meus familiares vai ser respondido pelo Sr. Luiz Ignácio Lula da Silva, conforme documentos em poder de dois advogados e um Procurador da Justiça.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Conto e crônica



Esta tarefa de distinguir o que é um conto ou uma crônica costuma confundir escritores, críticos e professores.
Alguém termina de escrever um texto e quer publicá-lo. Vem a dúvida. É crônica ou conto?
A maioria das pessoas acha que a distinção é fácil, quando de fácil não tem nada. Depende do autor, se o texto é nitidamente uma história, com muitos diálogos e envolvendo um grau de poesia, tudo faz crer que seja um conto. Já é um bom início de distinção da crônica, que é sempre mais direta.
Há quem afirme que a crônica não comporta diálogos. Mas esta regra não está escrita em nenhum livro de teoria literária, pelo que sei. Se os diálogos caracterizam a peça, então podemos ter um conto.
É interessante notar como quase todos os professores escrevem sobre o assunto, mas quem vai dizer com segurança se o texto é conto ou crônica é o autor. Se quando ele escreveu tinha intenção de informar sem ser repórter, é crônica.
Caso esteja com o objetivo de criar um fato, uma situação e usa personagens para atingir o seu objetivo, é um conto. Eu penso assim, embora possa estar completamente equivocado – coisa que não acredito. Diria que quando escrevo, tenho um objetivo certo. Ou informar, sem ser jornalista, ou ser um pouco mais poeta dentro da prosa, embelezando o texto e conduzindo o leitor a um final determinado. A primeira hipótese seria uma crônica; a segunda, um conto.
Muitos teóricos são adeptos desta maneira de pensar. Se tiver alguma poesia na escrita, é conto, e não se fala mais no assunto. Mas quantos são os autores que escrevem belas crônicas cheias de poesias! Quem já leu uma crônica de Affonso Romano de Sant’Anna sabe disso, embora o autor seja mais poeta e suas crônicas não andam soltas em jornais, revistas ou sites literários. Por ser poeta por excelência, quando escreve algo o traço vai ser notado, é impossível ser de outra forma.
Já Nelson Rodrigues, embora teatrólogo e acostumado com as paixões humanas, escreveu no fim de sua produtiva atividade muitas crônicas impregnadas de um falso sarcasmo, mas que na verdade era um lirismo. Daí, quem afirmar que escreveu contos, não está apartado da realidade.
Guimarães Rosa, em “Sagarana”, publicou contos e assim os classificou, sendo a obra-prima o “A hora e a vez de Augusto Matraga.”
O assunto não é nada tranquilo quanto parece. Já houve quem dissesse (Fernando Sabino) que se o autor colocar como crônica passou a ser, mesmo que se trate de belo conto.
Complicado… Acho que acabei de escrever uma crônica, aliás, não acho. Tenho certeza. Mas haverá quem diga que foi um artigo didático, ou uma lição.
E estão enganados, por que não estou a fim de dar lição a ninguém…


http://www.literal.com.br/acervodoportal/conto-e-cronica-6066/

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Casarão: a questão do dualismo



             Por mais que queiramos evitar, o dualismo é uma realidade que acompanha nossa existência.
            O conceito dele é explicado pelas formas como aparece.  Trata-se de antagonismo de valores ou mesmo situações.  Bem, mal; bom, mau; belo, feio e assim sucessivamente.  O dualismo incomoda, mas não nos livramos dele.  É regra estabelecida pelo homem ou pela realidade, como no caso saúde, doença.
            Não atende ao meio termo; não se conhece um homem relativamente bom, ou mau.  Ou ele é uma coisa ou outra.  Talvez esta seja a forma que mais incomoda nesta realidade, que não é fictícia, como alguns poucos querem fazer acreditar.  A situação intermediária, quase sempre denotando equilíbrio na balança, é cantada como sendo ideal para o ser humano, os grupos e a coletividade.  Mas nem sempre ela pode ser desta forma, no meio, no ponto de equilíbrio de forças ou estados.  Ninguém é meio doente, por exemplo.  Ou meio sério na conduta social.
            Talvez esta forma de só ser aceito nos extremos faça do dualismo uma realidade intolerável.  O assunto é delicado, realmente.  Por isso, incomoda.  Por outro lado, não pode ser colocado à margem da vida social.  As exigências da vida não permitem a prática dos crimes.  Não permitem a conduta suspeita dos governantes, ou as incertezas dos juízes.
            Foi esta realidade incontestável que me levou a escrever “Casarão”, onde procurei mostrar apenas alguns lados do dualismo que nos acompanha.
            Não possuindo formação filosófica, evitei todas as maneiras de abordar o romance curto desta forma.  Deixa-se o leitor pensar como bem entenda; não está sendo dada aula, neste caso, inoportuna e chata.
            Da mesma forma, como o dualismo apresenta lados inesgotáveis, apenas poucas formas do mesmo aparecem no texto, algumas vezes disfarçadas, se é que consegui realizar o feito.
            “Casarão” não é livro de filosofia, é um romance comum, sem linguagem acadêmica ou mesmo disposto a levantar polêmica.
            Quando o escrevi, quis apenas mostrar os dois lados diferentes de uma mesma moeda.  Mais nada.    

imagem:    Museu do Café, capa do livro ainda em avaliação.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Recanto 500



                                             Recanto 500

            Trabalhava com atenção absoluta, em cima de texto grande, era a revisão de um romance.  Não cabem erros.
            Escrever, como toda arte, exige estudo preliminar, dedicação, criatividade e respeito ao leitor.  Caso fique faltando um só destes elementos fundamentais, a cantiga vai ficar desafinada.  Pare e veja: estudo preliminar é sobre o vernáculo.  Quem não domina razoavelmente a língua vai produzir obra defeituosa.  Dedicação é questão de amor pelo que se faz.  Sem ela, os frutos do trabalho ficam sem sentido, ou devendo explicações.
            Criatividade – quem não sabe disso? – dá alma ao que foi escrito, pintado, esculpido, musicado.  É a única qualidade e preliminar que não se aprende estudando.  É pessoal e desconheço como funciona no ser humano. Talvez a leitura constante de bons autores ajude muito, mas sozinha não resolve.  Há que ter atenção: criativo não é quem inventa com facilidade, mas sim quem o faz com arte.
            E afinal, o respeito ao leitor.  Não acredite que a sua verdade seja a dele, de quem lê um texto ou admira um quadro.  Dizem haver uma forte tendência humana neste sentido.  O que é real para um, deve ser para outro, o que absolutamente não é certo, muito menos verdadeiro.  Além disto, existe a regra de sempre ser deixada uma interpretação pessoal do leitor, ou espectador.  Ele também participa da obra, que não é uma peça isolada.
            Trabalhava com atenção absoluta.  Era seu texto postado de número quinhentos. 

imagem:  "O absinto", Edgar Degas, óleo sobre tela, Museu D'Orsay